EUA divulgam relatório sobre tráfico de pessoas no dia 14
Na próxima segunda-feira (14), o Departamento de Estado norte-americano vai divulgar seu relatório anual sobre o tráfico de pessoas no mundo, que traz um diagnótico da situação por país e os classifica de acordo com o tratamento que dão ao problema. A novidade será a presença do próprio país na classificação – fato que não ocorria em versões anteriores. Informações apontam que o país deve se colocar na melhor faixa (Tier 1), daqueles que estão enfrentando como deveriam o problema.
Caso isso se confirme, será mais uma demonstração dos riscos da autocertificação. Os EUA até podem até merecer está naquela posição, mas vai ficar sempre a dúvida por conta do avaliador e o avaliado serem o mesmo. Estimativas de centros de pesquisa dos Estados Unidos apontavam, tempos atrás, a existência de pelo 17 mil trabalhadores em situação de escravidão no país. E que parte desses escravos nas terras do Tio Sam são imigrantes ilegais, muitos latino-americanos que trabalham em fazendas, em atividades que as máquinas não fazem. Semelhança com o que ocorre aqui não é mera coincidência.
É claro que há governos que ficam irritados com a divulgação do "Trafficking in Persons Report" (incluindo o nosso). Temem ficar estigmatizados, enfrentarem bloqueios comerciais ou sofrerem restrições de acesso a recursos dos EUA. Reclamam que não são apenas critérios técnicos que guiam a classificação. Ou seja, nada escaparia às necessidades da política externa do grande irmão do Norte de salvar seus amigos.
O fato é que a publicação pode ter seus defeitos, mas o debate que ela traz é importante, uma vez que o problema é internacional e apenas será resolvido com a atuação coletiva. O Brasil deve ser mantido na posição de Tier 2, grupo intermediário, apesar das políticas de combate ao tráfico e ao trabalho escravo, aqui dentro, serem melhores do que países que apareceram em anos anteriores em Tier 1. Uma mudança para baixo ou para cima será uma surpresa.
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