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Leonardo Sakamoto

Apenas 50 bolivianos entraram no país no 1o semestre. Será?

Leonardo Sakamoto

24/08/2010 16h31

De acordo com dados divulgados pelo Ministério do Trabalho e Emprego, 22.188 autorizações de trabalho a estrangeiros foram concedidas no primeiro semestre deste ano – um crescimento de 18,85% em relação ao mesmo período de 2009.

Os profissionais mais beneficiados com autorizações temporárias foram trabalhadores de embarcações ou plataformas estrangeiras, de assistência técnica, de cooperação técnica, de transferência de tecnologia, além de artistas e esportistas. Já a maioria das autorizações permanentes foi concedida para administradores, diretores, gerentes e executivos com poderes de gestão – o pessoal graúdo. Do ponto de vista legal, os recordistas em entradas foram países como Estados Unidos, Reino Unido e Filipinas.

Uma informação salta à vista: a Bolívia aparece apenas na 40ª posição, com 50 trabalhadores. OK, a lista mostra quem veio de forma legalizada. Mas sabemos que centenas de pessoas vindas do país mais pobre da América do Sul entraram ilegalmente para tentar uma vida melhor por aqui – principamente na região metropolitana de São Paulo. Muitos, aliás, acabaram sendo explorados em subempregos – bem, quem lê este blog sabe do que estou falando.

Pessoas invisíveis, que não aparecem nas estatísticas. Mas que teimam em existir.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.