Eleições: Lula, Dietas, Maconha e Jesus
As altas taxas de popularidades do governo do presidente Lula (79% de acordo com a última pesquisa Datafolha divulgada hoje) estão criando (mais) situações inusitadas do pessoal que quer pegar carona em sua imagem. Os casos de candidatos a postos do poder executivos já são bem conhecidos, mas não tinha me atentado para o mesmo na eleição às Assembléias, Câmara Distrital e Congresso.
Por exemplo: aqueles adesivos de campanha colados na traseira de automóveis. Alguns candidatos de partidos da base governista excluíram suas próprias fotos deixando apenas a imagem do presidente da República. Mais ou menos o que acontece no horário eleitoral gratuito em rádio e televisão, em que o presidente aparece mais do que qualquer outro candidato a deputado estadual.
O pior é que isso tende a funcionar, pois as propagandas dos candidatos que optaram pela tática Photoshop-me-tira-daqui não possuem condições de serem eleitos síndicos de prédios, quanto mais deputados.
Já há muitas discussões de marketing e comportamento político sobre a eficiência da transferência de votos, então não vou chatear vocês com isso. Mas vendo os anúncios colados nos carros, me lembrei de quando trabalhava em redação grande.
Existe um mantra de que, se você quer vender revista, coloque Jesus na capa. Afinal, só Jesus salva. Outros temas sempre perseguidos, pois são campeões de venda: Drogas, Jesus, Dietas e mais Jesus. Lembro de um caso em que uma revista mensal colocou Jesus na capa e vendeu horrores perto do Natal. Um ano depois, o que fazer? Repetir a capa? Ia ser muito feio. A solução foi dar a história de um dos apóstolos de Jesus . Vendeu bem de novo.
De certa forma, nós como jornalistas, sob a justificativa de dar o que o povo quer, já adotamos em nosso dia-a-dia o que o marketing político lasca e abusa. Quem sai perdendo nos dois casos é a sociedade, que acaba tendo reduzida a possibilidade de pluralidade. Algo desejável, seja ela decorrente da publicação de pautas diferentes do que aquilo que "vende" (mesmo sob o risco de sermos acusados de dar o que o povo não quer…), seja derivado de ouvirmos o que pensam de verdade os candidatos. Pois já sei o que pensa o presidente.
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