Marcha da Maconha: A gastrite dos intolerantes de plantão
Por oito votos a favor e nenhum contrário, o Supremo Tribunal Federal liberou, nesta quarta (15), a realização de Marchas da Maconha, seguindo a posição do relator Celso de Mello e a defesa enérgica de Débora Duprat, vice-procuradora geral da República. Segundo Mello, a marcha é a "expressão concreta do exercício legítimo da liberdade de reunião".
Para quem não se lembra, a proibição da Marcha pela Justiça, a pedido do Ministério Público de São Paulo, levou a cenas de selvageria por parte da Polícia Militar, que usou bombas de gás lacrimogênio, spray de pimenta e balas de borracha contra manifestantes e jornalistas na capital paulista no dia 21 de maio.
Devagar (quase parando), vamos conquistando a efetivação de direitos que estão previstos em lei.
Outros casos que valem a pena ser lembrados: no último dia 05 de maio, o Supremo reconheceu a união estável de casais do mesmo sexo – indo contra o poderoso lobby daqueles que se dizem representantes de Deus na Terra (mas não mostraram nenhuma procuração assinada…) Em maio de 2008, aprovou a legalidade da pesquisas com células-tronco embrionárias, rejeitando uma ação direta de inconstitucionalidade que tentava barrá-las, e dando uma esperança de cura para quem perdeu a mobilidade ou tem uma doença degenerativa, por exemplo. Tudo bem que, no meio do caminho, manteve a validade da Lei da Anistia, protegendo os carniceiros da ditadura. Mas ninguém é perfeito, né?
Aliás, não duvido que a solução para a descriminalização do aborto e da eutanásia venha através de uma decisão do Supremo. Se isso depender do Congresso Nacional, esquece. Se, por lá, o direito de insultar homossexuais é usado como moeda de troca em negociações políticas… Ah, mas isso seria legislar. Ué, quando alguém se furta ao seu papel institucional, o que há se fazer?
O fato é que temos por aqui um capitalismo de brincadeirinha, sem a parte boa das liberdades individuais. É dever possibilitar mercados livres, mas a pessoa não conta com o mesmo benefício. O Estado é xingado se meter o bedelho nos negócios de particulares, mas elogiado quando diz com quem me deito, o que consumo e o fim que dou ao meu corpo.
Dia 2 de julho, na capital paulista, haverá nova caminhada, agora sob o nome Marcha da Maconha.
Aos intolerantes, que gozaram loucamente com o som das bombas de gás lacrimogênio estouradas em quem queria apenas defender sua causa, gostaria de dizer uma coisinha: perderam mais essa.
E é bom se prepararem com um bom anti-ácido, pois os ventos de mudança não vão parar por aqui.
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