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Leonardo Sakamoto

Sob o olhar do ornitorrinco

Leonardo Sakamoto

19/12/2011 03h21

Tenho um Chávez de brinquedo e um boneco do Chaves. Se você aperta o venezuelano, ele repete três vezes o mesmo discurso. Cansa… Já o outro revela-se, pela etiqueta, um imigrante chinês. Provavelmente filho de mãe vietnamita e pai tailandês, que conseguiu entrar no México por interesses comerciais. Flagrei os dois em momento de confraternização, observados com desconfiança por um ornitorrinco, criatura amiga do professor Chico de Oliveira*.

Política? Imagina! Pelúcia.

(*) A pedido dos leitores: O ornitorrinco é um rapaz que tem patas e bico de pato, rabo de castor, bota ovo e é mamífero. Uma daquelas coisas esquisitas na escala da evolução que enche Darwin de orgulho. O bicho é usado pelo sociólogo Francisco de Oliveira para explicar o Brasil, que não seria uma coisa nem outra na escala do desenvolvimento – perde-se entre a riqueza e a miséria ao ser um importante ator na economia global e, ao mesmo tempo, um dos países mais desiguais do mundo. O mesmo vale, com adaptações, para outros países de nossa América Latina.

Sobre o Autor

É jornalista e doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo. Cobriu conflitos armados em diversos países e violações aos direitos humanos em todos os estados brasileiros. Professor de Jornalismo na PUC-SP, foi pesquisador visitante do Departamento de Política da New School, em Nova York (2015-2016), e professor de Jornalismo na ECA-USP (2000-2002). É diretor da ONG Repórter Brasil, conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão e comissário da Liechtenstein Initiative - Comissão Global do Setor Financeiro contra a Escravidão Moderna e o Tráfico de Seres Humanos. É autor de "Pequenos Contos Para Começar o Dia" (2012), "O que Aprendi Sendo Xingado na Internet" (2016), entre outros.